Há algumas semanas venho recebendo mensagens de noivas que estão prestes a se casar, ou de jovens recém-casadas que embora já estejam bastante familiarizadas com os posts anteriores que escrevi sobre a vida a dois, manifestaram também o desejo de aprofundar um pouco mais neste assunto que, pra mim, nunca tem fim.rs
Por isso, amiga… senta… porque este post vai ser longo. Se preferir, leia em blocos/capítulos, um pouquinho todos os dias… Mas se estiver com tempo e motivada, prepare aquele chá, ou uma taça de vinho, e vem comigo =)
Esta série reflete a minha opinião sobre os assuntos relacionados ao casamento, e consiste em apenas mais um bate-papo, sem a pretensão de ser a dona da verdade. É como eu vivo e enxergo o casamento a partir da minha realidade e da observação dos fatos. Todas vocês tem o direito de expor comentários a favor ou contrários ao que for dito aqui =)
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CAPÍTULO I – Pensamentos soltos
Da gama de metáforas a que podemos comparar o casamento, eu escolho a aliança como um ponto de partida. No auge do namoro, observo que para muitos homens e mulheres, o sonho do casamento pode ser facilmente resumido ao dia da cerimônia, e a todos os seus respectivos rituais e primores.
O sonho do vestido, da decoração e da festa (que são legítimos, não estou criticando), mantem muitos casais distraídos e ocupados – e em muitos casos até endividados – com uma série de elementos perecíveis, que tem dia e hora marcada para acabar.
Em alguns casos (e reforço que não estou generalizando), esta mesma quantidade de tempo, energia e investimento não é dispensada aos mais preciosos e duradouros de todos os esforços: o aprendizado, diálogo e reflexão sobre o que o casamento e a vida a dois são na essência e na prática.
Dificilmente encontraremos casais debruçados sobre o computador buscando artigos e meditações relacionados ao casamento, com o mesmo desprendimento com que passam horas online escolhendo as flores para a decoração da igreja.
E esta não é uma crítica ou um ataque às pessoas, e sim a este sistema de “coisas” que tenta re-programar nossa mente de maneira sutil e subliminar, introduzindo novos valores e re-ordenando nossas prioridades. Quando nos damos conta, já estamos fazendo sem nem percebermos, porque material e humanamente, o sistema é maior e mais forte do que o indivíduo.
Nesta nova ordem de prioridades, o dinheiro é um fator determinante para os principais acontecimentos da vida, desde o momento do nascimento. Primeiro vem a festinha de um ano, depois a primeira bicicleta, depois a festa de 15 anos, depois a carteira de habilitação, depois a formatura da faculdade, depois o primeiro carro, depois o primeiro apartamento…
…e somente depois de realizadas todas estas etapas que necessariamente custam dinheiro, é que o casamento passa a ser considerado como mais um acontecimento que será cumprido mediante a disponibilidade de uma ouuuuutra quantia determinada de dinheiro.
Porque casar custa dinheiro.
Ou seja, a ocupação primária do indivíduo se concentra em angariar os recursos necessários para a realização do casamento, sem que antes e em primeiro lugar ele se ocupe com os pensamentos e reflexões que realmente impactam na vida a dois, e que dependem muito mais do amor e da sabedoria do homem e da mulher, do que propriamente do dinheiro disponível.
E hoje que sou casada, 80% das minhas opiniões sobre este assunto são com base na minha experiência, e 20% com base na observação do mundo ao meu redor. Porque já vivi de tudo um pouco, com dinheiro e sem dinheiro nenhum, com sabedoria e sem nenhuma sabedoria, com muito desprendimento e com egoísmo em dobro, com muita maturidade e sem maturidade nenhuma… E posso dizer que para o casamento ser feliz e de qualidade, ele não precisa ser perfeito, sem trombadas e desencontros.
Porque mesmo que os casais de namorados reflitam e dialoguem – antes do casamento – sobre a essência e a prática da vida a dois, algumas coisas só se podem aprender a partir da experiência, vivendo e convivendo, errando e pedindo perdão, corrigindo e buscando não repetir os mesmos erros a toda hora.
Desta maneira, o fator que passa a ser determinante para a qualidade e felicidade do casamento, não é o seu “grau” de perfeição, mas sim o verdadeiro, autêntico e genuíno desejo de acertar, de perdoar o erro do outro rapidamente e de não desistir jamais nem do seu cônjuge e nem do seu casamento.
E tudo isso somente é possível através do amor e graça de Jesus, nosso primeiro noivo e amor maior, que sustenta, anima e fortalece o casamento que pode estar em seu auge ou decadência.
Esta é a aliança a que me referi no início do capítulo: a aliança dos noivos com Jesus. Porque a aliança entre o casal exclusivamente pode ser de fácil ruptura e violação (ora, 50% dos casamentos do mundo inteiro terminam em divórcio)… mas a aliança com Jesus é firme e duradoura.
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CAPÍTULO II – De qual casamento estamos falando?
Muitos casais iniciam a vida a dois muito apaixonados e pouco alinhados. “Vamos apenas morar juntos, ou vamos perseguir o fortalecimento e consolidação da nossa aliança, como uma só carne? Seremos uma família (mesmo sem filhos), ou apenas duas pessoas que dividem as contas no final do mês? Como fica se um de nós adoecer? Como fica se um de nós perder o emprego?”
De qual casamento estamos falando? Porque duas pessoas que vivem por si e para si, perseguindo os seus próprios ideais e objetivos particulares, são qualquer coisa menos casadas. #solidãoacompanhada
É como se o indivíduo já entrasse no casamento com uma meta prioritária de preservar a sua personalidade e os seus ideias de solteiro. Ele entra armado, pronto para destruir qualquer coisa que represente uma ameça potencial ao seu “eu”. Este indivíduo (homem ou mulher), não faz concessões.
É o famoso: Eu sou assim, e não mudo nem por você, nem por ninguém. Meu sonho vem em primeiro lugar, e faço tudo para conquistá-lo. Eu não abro mão do meu jeito. Se quiser ficar comigo, é assim que vai ser.
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(E eu mesma já falei muitas dessas frases em épocas de muita cegueira e orgulho, como quem se nega a ver ou admitir a feiura e sordidez por trás de seus atos. Tempos sombrios aqueles…)
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Mas fato é: se a principal motivação do casal é a “auto-preservação” e não a “auto-negação” em função do outro, só existe um capaz de moldar e ensinar, com mansidão e humildade… E este “um”, não é nem você e nem o seu cônjuge porque ninguém muda ninguém (assunto do próximo capítulo).
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Quem ensina é o Espírito Santo que nos convence da feiura e sordidez dos nossos atos, e que produz em nós o arrependimento, a mudança de mente, o fazer diferente de agora em diante.
Como é possível sermos convencidos de que algo é feio, quando todos ao nosso redor aplaudem nossas atitudes e dizem que são lindas? Como é possível desejar a auto-negação, quando o mundo inteiro me encoraja a “ser mais eu”? Como é possível que eu me convença de tudo isso, sem que ninguém tenha aberto a boca ou me dirigido a palavra?
Quem ensina é o Espírito Santo. Não existem “táticas infalíveis para prender a pessoa amada”, ou para “ser feliz no casamento”. O que deve existir é um coração humilhado, disposto a ser ensinado em t-o-d-a-s as áreas de sua vida, disposto a honrar uma aliança, e, sobretudo, disposto a viver um casamento segundo o coração de Deus, e não segundo os seus próprios pressupostos.
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CAPÍTULO III – Ninguém muda ninguém
Já percebeu como que em muitos casos, o casamento é o último recurso para se dar um jeito numa relação toda despedaçada e ferida? “Depois do casamento ele/ela vai mudar. Eu posso fazê-lo (la) mudar!”
É claro, e eu tenho plena certeza disso, que qualquer ser humano é passível de mudança e salvação – contanto que ele queira, busque e deseje ser diferente. Somente ele tem este poder: é o livre arbítrio concedido a todo mortal… o direito de fazer com sua própria vida o que der na telha, e o que bem entender.
E você pode até pensar lá no fundo do seu coração: Se ele/ela me ama, é claro que ele/ela vai mudar. Ele/ela sabe como isso me irrita, me entristece, me aborrece, me mata, etc…
Mas a verdade de tudo isso se resume em Romanos 7: 19 – Pois não faço o bem que eu quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que eu faço.
Porque nem você, nem seu cônjuge/namorado (a) consegue exercer controle sobre os seus próprios defeitos. Se fosse tão fácil assim abandonar um defeito, o mundo inteirinho seria uma beleza, um lugar de muita paz e harmonia.
Por isso, seja homem ou mulher, ninguém ganha o cônjuge com muita “falação” na cabeça. Observe que mudanças importantes e significativas acontecem nos relacionamentos através da oração e de atitudes novas, uma vez que a fé sem obras é morta.
É orar e agir conforme o teor da sua oração, confiar no poder de Deus e descansar. Ora, veja bem: se a pessoa é cega e não consegue enxergar o mal que se instala na casa e no relacionamento em razão dos seus atos e dos seus defeitos, posso concluir que no mínimo, esta é uma condição digna de compaixão. Até porque, e não nos esqueçamos, poderia ser eu no lugar dele (dela).
Poderia ser eu, completamente controlada e dominada por um mal além das minhas forças. Poderia ser eu a estar cega, perdida em orgulho, irremediável… E este exercício de empatia, de nos colocarmos no lugar do outro é que valida o amor e gera compaixão.
Porque amanhã ou depois, estando eu na mesma situação, gostaria que agissem comigo com o mesmo amor e compaixão que fui capaz de dispensar sobre o outro.
Agora: por que não aceitamos o defeito do outro, como se nós fôssemos perfeitos? De onde tiramos o direito de julgar o defeito do outro, como se o defeito do outro fosse maior e pior do que o nosso defeito?
Sabe, a gente precisa diminuir, abaixar um pouco a bola. Seja no casamento ou em qualquer outra relação, ninguém muda ninguém, a não ser o incondicional amor e graça de Jesus – Aquele que mesmo sendo perfeito, concede perdão e vida nova a qualquer imperfeito e cheio de falhas, que creia e aceite o Seu senhorio.
Oramos para que aquele coração esteja sensível ao tocar de Deus, e seguimos agindo com o exemplo de mudança que desejamos ver no outro, firmes e convictos. Mas se o outro não corresponde a esta expectativa de mudança, como podemos estar ao seu lado, se não temos paciência para acompanhar e esperar o tratamento de Deus na vida do nosso cônjuge/namorado (a)?
A gente tem pressa de viver, de conquistar os sonhos, de fazer e acontecer. Não estamos acostumados a parar tudo, a largar tudo por causa de alguém, de uma outra vida… E quando chegamos ao casamento, a maioria de nós se encontra no centro de um verdadeiro dilema, tentando decidir o que fazer com dois egos gigantes que não cabem na mesma relação. #primeiroeu
Tem que morrer e nascer de novo. Tem que deixar o ego lá atrás, na vida de solteiro… Mas isso não é um peso, nem uma terrível predestinação ao fracasso e infelicidade.
Isso é mais vida, mais leveza e menos jugo duro e pesado nas nossas costas. Falaremos mais sobre isso nos próximos capítulos…
Um beijo grande e até breve!! =**
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