Eu, graças a Deus e ao meu modesto círculo de convívio social, não tenho rigorosamente nada a reclamar das minhas experiências como anfitriã ou como convidada na casa de quem quer que seja. Toda vez que recebo ou sou recebida por amigos e familiares, tenho sempre aquela sensação prazerosa de que o tempo não passou, e acabo inclusive ficando meio triste e #xatiada quando dá a hora da despedida. 🙂
Entretanto (e infelizmente) calculando pelos e-mails que recebo, parece que muitas pessoas não podem dizer o mesmo de suas experiências. A propósito, já recebi relatos alarmantes de anfitriãs que pouco faltam entrar em pânico quando determinadas visitas chegam em suas casas… para passar alguns dias… que parecem uma eternidade.
Elas contam que são aquelas visitas pesadas, que atrapalham o andamento da casa, dão trabalho, não se dispõem a ajudar em nada e, além de tudo, são muito, mas muito difíceis de agradar. Em muitos casos (o que inclusive torna a situação ainda mais constrangedora e delicada) tratam-se de familiares muito próximos e queridos, que agem de forma descuidada e sem limites por mero excesso de intimidade ou por puro abuso mesmo.
Daí quando leio estes e-mails, fico pensando em como é muito mais fácil ser anfitriã de visitas legais, com papo legal, com atitude legal, com postura legal… tudo legal! E penso também em como o simples ato de ir à casa de alguém, coisa boba e elementar, se torna um problema grave que se não tratado adequadamente, pode chegar a destruir as relações entre as pessoas.
Por isso hoje, quero usar da liberdade que recebi dessas moças que me escreveram, para trocar uma idéia com vocês a respeito do que pode ser feito em situações delicadas como estas. Não sou a dona da verdade, mas gostaria de dividir alguns pensamentos que tenho sobre o assunto…
Na minha opinião, tudo fica mais claro e até auto-explicativo quando entendemos que *etiqueta* é um conjunto de normas e princípios, que nos dão aquela referência de comportamentos *esperados* de nós nos mais diversos ambientes e situações sociais. Ou seja, etiqueta tem a ver com a expectativa das pessoas de determinado ambiente e situação social, em relação à minha postura e comportamento.
Exemplo: qual é a expectativa de comportamento num restaurante? Que os clientes se sentem à mesa, comam com talheres e paguem a conta antes de irem embora. Qualquer cliente que esteja comendo em pé, usando as mãos ao invés de talheres, e que vá embora sem pagar a conta, está agindo de forma contrária à expectativa.
Logo (pensando de forma simplista) para dominarmos a arte da etiqueta, é importante que conheçamos e nos aprofundemos neste universo das expectativas.
Se vou à casa de alguém seja para uma visita rápida ou para passar alguns dias na companhia do dono da casa, eu preciso então pensar na expectativa que existe ali em relação ao meu comportamento, e à maneira como devo me relacionar neste novo ambiente. Se sou um amigo muito íntimo, quais são as expectativas? Se sou um parente distante, quais são as expectativas? Se sou um familiar de convívio mais próximo, quais são as expectativas?
Coloque-se no seu lugar, e se faça esta pergunta sempre, e você nunca vai errar. E tenha sempre em mente que sendo a casa de quem for, a sua casa fica em outro endereço. E quando você for embora, deixe saudades e um gostinho de “quero mais”. Seja uma visita querida, que retribui o carinho e generosidade de seu anfitrião, servindo de acordo com suas habilidades e com a rotina da casa.
Não seja um hóspede que se comporta como se estivesse num hotel ou pensão. Não seja um peso.
Quanto ao anfitrião que recebe alguém para uma visita rápida ou que, principalmente, recebe uma ou mais pessoas por períodos mais prolongados, aí vai uma dica: faça tudo pelas suas visitas! Agrade, paparique e mime muito! Mas faça tudo isso respeitando aquele limite em que você começa a deixar de aproveitar a companhia dos seus queridos para dar atenção às obrigações.
O melhor que você pode e deve oferecer às suas visitas é você mesmo e sua companhia! Se suas visitas são pessoas mais íntimas (familiares ou amigos), não há problema algum em “comunicar” as expectativas! Não se sinta constrangido e recrute ajuda quando precisar! Ou, se sua visita se oferecer a ajudar, aceite de bom grado!
Agora, se suas visitas são pessoas com quem você tem pouco convívio ou intimidade, minha sugestão é sempre recrutar uma ouuuuuutra pessoa, que não faça parte das visitas, pra te dar uma mãozinha! Convoque o filho mais velho, o marido/esposa, a irmã, uma amiga mais chegada, a cunhada… Alguém que fará parte da diversão, mas com um papel diferenciado, te auxiliando nas atividades de anfitriã!
Porque se você tem alguém pra te ajudar com as obrigações do dia-a-dia, seja da maneira que for, certamente você passará mais tempo de qualidade com suas visitas!
É claro que, mesmo observando tudo isso que conversamos até agora, ainda assim existem situações em que todos os recursos se esgotam e não nos resta nada além do bom-senso: aquela última reflexão que a gente costuma fazer pra responder a vários dilemas de etiqueta e também às seguintes perguntas – 1) Vale a pena brigar por causa de uma visita que vai embora daqui a dois dias? 2) Vale a pena brigar por um episódio isolado que talvez nem venha a ocorrer mais? 3) Será que se eu confrontar minha visita eu vou resolver o problema ou criar um outro ainda maior?
Infelizmente, algumas pessoas não sabem como se comportar por absoluta descortesia ou ignorância mesmo… às vezes nem é maldade. E é você, como anfitrião, que precisa decidir entre confrontar ou seguir amando sua visita com todos os defeitos que ela tem e com toda a raiva que ela te faz passar. (Fiquei com vontade de rir.rssss)
De todos os modos, acho importante dizer que se o anfitrião se sente desrespeitado ou invadido em sua própria casa, ele deve sim confrontar sua visita de modo a evitar que a cena se repita novamente. Nestes casos, sou mais a favor de um “climão” de momento, do que da postura de ficar guardando aquele ressentimento durante todo o período da visita.
Enfim! Sei que muitas pessoas podem dizer que “etiqueta” demais mata a espontaneidade da visita e só serve pra carregar a atmosfera com chatices e formalidades… Mas eu discordo fortemente. Etiqueta, bons modos e maneiras ENFEITAM e aprimoram as relações (que já são naturalmente belas e tem bases profundas na sinceridade e no amor).
Pra mim, de nada vale quem se diz espontãneo, autêntico ou até mesmo irreverente, se o resultado do seu comportamento é aborrecimento, mágoa e tristeza…
Bom! Acho que é isso por hoje! Me contem nos comentários se vocês já passaram por situações parecidas e como procederam! Espero que tenham gostado e um grande beijo!! =***